8 de jun. de 2015

Diet Soda Society




Sempre pensei que a vida era feita de momentos, experiências, mas nada exagerado ou fora dos padrões. Nascer, crescer, envelhecer, morrer. É um ciclo. O mais vicioso de todos. Pior ainda é saber que estamos fadados ao mesmo destino, sempre. E não, não falo da morte. Falo de um destino doloroso, ruim, cruel. Um destino que não deixa lembranças, deixa cicatrizes de batalha. Arranca pedaços, destrói tudo o que aparece pela frente. Envenena, machuca, contamina, mata. Um destino, ou melhor, uma sina. Viver pelas regras.

Não falar com estranhos, não levantar a voz, não se vestir de maneira inadequada, sentar da maneira correta, trabalho antes da diversão, manter a forma, não comer muita besteira. Deus, como estou farta de tudo isso, de toda essa hipocrisia! Como se o mundo sempre agisse dessa forma. Sempre polidos, sempre educados, sempre pacientes, sempre compreensivos. P*** nenhuma. Nunca foi assim, nunca será assim. Então por que diabos a sociedade tenta nos encaixar nesse padrão?

Sabe, eles se preocupam com a sua educação, com o seu bem estar, com a sua saúde, com a sua felicidade. Mas, se parar para analisar, é só por perguntar. É da boca para fora. É sem sentido, sem interesse. É puramente uma jogada social, mais um movimento nesse grande tabuleiro de xadrez. É apenas mais um obstáculo vencido até chegar ao “xeque-mate”. Ninguém quer realmente  saber como foi o seu dia ou como você está. Sentimentos, para que os quero? Abra a boca para falar sobre o seu dia, discutir seus sentimentos, clarear sua mente. Tudo o que receberá em troca será mecânico. Mas experimente falar sobre o carro novo que comprou, a promoção que recebeu no trabalho ou o valor que tem em sua conta bancária. Aí sim, você aprendeu a falar a língua do ser humano.

No minuto seguinte, terá alguém inflando o peito para tentar bater suas conquistas, tentar ser superior. As pessoas falarão por horas e horas sobre como o seu gramado não é tão verde assim, como a sua vida não é assim tão maravilhosa. Colocarão todos os esforços em uma única missão: fazer a vida deles ser melhor do que a sua, mesmo que apenas em palavras. E todo esse teatro de horrores só mostra o quanto nós – seres humanos, “detentores da sabedoria”, os superiores, os melhores – somos medíocres, mesquinhos, egocêntricos e, principalmente, vazios por dentro. E, mesmo assim, todos tentam controlar tudo, tentam saber de tudo, tentam mudar tudo.

Nossos pais falam que as regras nos farão pessoas responsáveis e comprometidas. Eles não querem que tenhamos o mesmo sofrimento que eles tiveram, não querem que nossa vida seja complicada, não querem que nenhuma dificuldade bata em nossa porta. Por isso as regras, por isso as imposições. “Será bom no futuro”. Responsabilidade, comprometimento, ética. Qual é o valor de isso tudo se a sociedade que nos receberá não vale nem o chão em que pisa? Qual é o motivo, o objetivo? No final, todos nós sofreremos. Nós seremos machucados, pisoteados, sabotados, seremos mortos. Tudo isso para sermos transformados em corruptos, em infelizes, em máquinas. Tudo isso para uma vida melhor.

É um futuro brilhante, realmente. Um futuro maravilhoso e que mal posso esperar para alcançar. É o que sempre almejei para a minha vida. É o que sempre tive em mente. Esconder meus sentimentos, não me importar com o próximo, não sorrir, não dizer “bom dia” na rua, não sair à noite, não ter experiências, não conversar com aquele estranho que poderia ser o amor da minha vida, não ser feliz. Viver pelas regras. É tudo o que eu sempre desejei.

Uma pena que esse futuro está longe de chegar. Uma pena que ainda tenho muito chão pela frente. Uma pena que a caminhada para a verdadeira vida  é tão longa. Uma pena que, até todo esse espetáculo chegar, eu tenha que viver minha vida de maneira tão horrível e abominável.

Sabe, eu realmente não queria falar com estranhos, sorrir para estranhos, fazer carinho em um cachorro que encontrei na rua, ir em festas, ouvir música alta, beijar muitas e muitas bocas, usar as roupas inapropriadas, comer todo o chocolate possível, falar alto no cinema, jogar pipoca nas pessoas, tocar a campainha e sair correndo, desfilar de calcinha e sutiã pela casa, tomar sorvete e andar descalça mesmo estando resfriada, pintar o cabelo, ter tatuagens e piercings, me divertir. Eu realmente não queria. Sério, sem brincadeira.

Queria ser mais uma daquelas pessoas perfeitinhas, robóticas, preparadas para o futuro, com a cabeça no lugar. Queria ser tudo o que a sociedade deseja tão fervorosamente que eu seja. No entanto, minha cabeça está quase saindo da órbita da Terra. Meus sentimentos estão à flor da pele e as palavras pipocam em minha mente. Minha música toca alta e minha realidade é a fantasia que muitos gostariam de realizar. Minha vida é tudo, menos a vida correta a ser vivida. E eu não poderia estar mais satisfeita.

E quando o futuro chegar, e a sociedade chamar, eu responderei com gosto. Terei uma garrafa de vodka em uma mão e o dedo do meio apontado na outra. Um cigarro nos lábios talvez. Meu carro será conversível, para que a música estoure os ouvidos de quem estiver por perto. A liberdade será meu combustível e meu horizonte será colorido, brilhante, magnífico. Society can kiss my ass, I don’t care.

Tudo o que eu não quero é viver pelas regras, e farei de tudo para que todos saibam disso.

***
Gabriela R.

Inspiração para o post: Diet Soda Society – The Maine



2 comentários:

  1. Oiii linda! Lembro de vc da pagina de blogueira, vc foi a que comentou do meu livro e do meu blog, uma linda <3 Disse que comentaria no seu blog, mas acabei perdendo o link, bem chatiada haaha mas enfim, te descobri novamente pelo e-mail que me enviaste para a tag Seu texto Aqui, aliás, lindo texto. Com certeza vai aparecer por essa semana heheh vc escreve super bem, e muito obrigada pelo carinho que teve comigo aquele dia. Beijoooooos!
    http://b-uscandosonhos.blogspot.com.br/

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    1. Aaaaaaaaah que amor <3 Muito obrigada pelo elogio e estou pulando de alegrias pelo Seu Texto Aqui <3 hahahahaha Conheceu a Nina? Outra colunista do blog que também escreve mega bem? Enfim, estou muuuuuito agradecida, mesmo :)
      Mil beijooooooooooos e até <3

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