7 de abr. de 2015

Se Eu Morresse Amanhã




Venho de uma criação religiosa em que o conceito de morte tem outro significado. Morrer, para mim, significa apenas desprender-se do corpo físico; significa que a missão que me trouxe à Terra foi cumprida e uma nova me aguarda. No entanto, isso nunca me fez temer menos a morte. Pelo contrário, alguns dias eu a temo mais e mais.

Se temos uma certeza quanto à vida é que está fadada a acabar. Talvez em um dia, talvez em um século, mas, inevitavelmente, ela terá seu fim. De certa forma, a própria ideia de acordar, não para viver um dia a mais, e sim para viver um dia a menos parece extremamente absurda. Viver para que, se não para morrer? O que eu poderia fazer de diferente daquilo que tantos outros já fizeram? O ponto é exatamente esse. Viver para recriar, pois o "criar" já aconteceu.



Quando mencionei que temo a morte, não o faço por medo da dor ou do sofrimento que acompanharia o processo, mas sim por "cumprir a minha missão" sem cumprir todos os sonhos que tenho na cabeça. Esses pequenos sonhos que temos quando crianças: querer voar, querer ser princesa, encontrar o amor verdadeiro, viajar o mundo inteiro, fazer uma descoberta científica. O importante é que, se eu morresse amanhã, já teria cumprido todos esses sonhos e mais alguns. Sim, eu disse todos.

Não é questão de ter dinheiro ou virar o mundo de cabeça para baixo para fazer aquilo que temos vontade. É apenas uma mudança de perspectiva, um ponto de vista diferente. Eu já voei quando era pequena, enquanto meu pai me colocava no colo e nós girávamos pela sala. Fui princesa e rainha: meu palácio era meu quarto e minhas bonecas, meus súditos. Encontrei o amor quando, aos dez anos, o menino mais bonito da classe perguntou se eu aceitaria ser sua namorada. E não só nesse único momento, mas em todos os outros, nos quais eu me permiti amar, abri meu coração e entreguei-o a pessoa que me era especial em um momento específico.

Viajei ao redor do mundo zilhões de vezes, em todos os livros que li e gritei "Eureka!" quando cozinhei para o dia das mães e quase explodi a casa, ou até mesmo quando um tatu bolinha encolheu na minha mão.

Portanto, se eu morresse amanhã, pediria para que fosse gravado em minha lápide que recriei a vida, assim como Oscar Niemeyer recriou a arquitetura e Einstein recriou a Ciência. Se eu morresse amanhã, morreria feliz, porque enganei a morte ao achar um modo de viver eternamente. Se eu morresse amanhã, estamparia o mais belo sorriso de todos. Se eu morresse amanhã, estaria dando adeus a uma vida vivida intensamente e dando olá para uma nova página, completamente em branco e esperando para ser escrita.


Olá pessoas! Meu primeiro texto no blog #nervosa.


Espero que tenham gostado. Esse é um texto bem especial e foi escolhido a dedo, juro.
Como prometido, a frase dessa semana é: 

"Nunca é tarde para você ser o que poderia ter sido."

Gabriela R.


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